Jô Abençoada. A incrível história da mulher desempregada que limpa mato para criar os quatro filhos e quer mais clientes
Ela transformou o desemprego numa força para lutar, trabalhar duro para manter a família em Pesqueira
Por Flávio José Jardim
atualizado há 4 anos
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Enquanto assistimos no noticiário, pasmos, roubalheiras na saúde do país, dinheiro em mala, rachadinhas, escândalos com o erário e depósitos tenebrosos em contas de políticos graúdos, existem brasileiros e brasileiros que querem apenas uma oportunidade de trabalho.
São pessoas que acreditam no país, mesmo em tempos de pandemia e exemplos nada bons na política. Pessoas comuns que têm jornadas triplas, sobrevivem de subempregos e do trabalho sem carteira assinada.
Uma delas é Jô Abençoada, uma mulher desempregada do interior de Pernambuco que sonha apenas com mais clientes que queiram limpar o mato da frente ou dos quintais das casas em Pesqueira, município de Agreste a 216 quilômetros do Recife.
Assim como milhares de brasileiras, Jô Abençoada sobrevive por meio do trabalho informal. Ela não conseguiu um emprego com registro ou o auxílio do Governo Federal. Foi na rua, ou melhor, nos quintais das casas, que ela encontrou uma forma de conseguir renda para criar seus quatro filhos.
Mesmo diante de tantas dificuldades, Jô abençoada não desiste nunca e faz até propaganda de seus serviços, via Facebook. “Mãe desempregada que mora sozinha com os 4 filhos trabalha com limpeza de mato. É batalhadora e aceita qualquer serviço”.


Foi assim, através de uma postagem no Messenger, que ela conseguiu os primeiros clientes. Ela até registra em fotos o “antes e depois” do serviço. Até agora todos seus clientes aprovaram o trabalho.
“Agora no momento estou sem trabalhar porque espero as pessoas me chamarem. Quando aparece serviço faço meu trabalho com satisfação. Os clientes gostam”.
Numa frase surpreendente para um país maravilhoso, onde “gente de bem vive mal”, com diz um trecho da música eternizada pelo sanfoneiro Flávio José, Jô Abençoada diz que “Amo o que faço. Mãos sujas de terra e dinheiro limpo. Sou mãe de 4 filhos e guerreira, batalho pra dar o melhor pra eles”, desabafa.
Ela diz que “Jesus nos dá forças para trabalhar”. Mais trabalho e clientes é o que ela pensa. “Não me importo que seja serviço pesado. Levo meu rádio ligo no louvor e mãos à obra”.


SONHAR É PRECISO
Sonhar também faz parte da vida de Jô Abençoada. Seu maior desejo era ganhar uma enxada, uma pá e um carinho-de-mão novos para facilitar seus serviços. Era, porque um cantor da cidade e um pastor evangélico ajudaram Jô Abençoada. Ela recebeu nessa semana as três ferramentas e está feliz. “Isso me ajudou muito por quer antes que carregava a areia e os entulhos num balde”.
“Um serviço honesto e feito com satisfação”, é o seu lema. Ela acredita na força interior e diz não se importar com o ramo de serviço. “Nós, mulheres, somos capazes de vencer. Não existe mulher fraca, existem mulheres que ainda não descobriram sua força. Quero que todas as mulheres do Brasil saibam disso”, destaca.

DE VOLTA PRA MINHA TERRA
A História de Jô Abençoada, Jocilene Ricarte da Silva, 30 anos, é similar a de inúmeras mulheres nordestinas que voltam do Sudeste do país após encarar a desventura de não conseguir excelentes empregos. Os Tempos de Amarguras agora dão lugar ao serviço de limpeza de quintais e roço de mato. “Todo trabalho é nobre”, frisa.
Ela voltou a Pesqueira e, na vontade de criar melhor seus quatro filhos, enfrentou um serviço muitas vezes dedicados a homens. Mora no bairro de Baixa Grande, numa casa que conseguiu através de programa habitacional do Governo Federal e hoje vive do suor e do ganho das atividades. “Os calos não importam”, brinca.
“Quero mais clientes. Vou repetir isso sempre. Quem quiser me contratar entre em contato pelo meu Facebook ou mesmo pelo Messenger. Estarei à disposição.
Jô Abençoada, Jocilene Ricarte da Silva, 30 anos, é mulher, mãe de quatro filhos, trabalha fazendo limpeza de entulhos e roço de mato e é GENTE QUE TRABALHA DURO. Contrate!


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