A madrugada de domingo (21/9) em Parauapebas terminou com a alegria de um casal recém-unido transformada em luto para famílias e amigos. João Pedro Prudêncio Cardoso, 19 anos, e Maynara França Schio, 18, casaram-se há menos de um mês — em 28 de agosto — e registraram nas redes sociais as imagens da cerimônia, legendas apaixonadas que agora viraram memórias dolorosas. Ambos não resistiram aos ferimentos e foram declarados mortos ainda no local da batida.

Testemunhas relataram que o impacto foi violento: um Ford EcoSport, com a frente completamente destruída, colidiu contra a Yamaha MT-03 em que o casal seguia. Segundo boletim preliminar da Polícia Militar do Pará (PMPA), o carro trafegava pela contramão quando atingiu a motocicleta, configurando uma manobra que poderá ser determinante para as investigações e eventual responsabilização criminal do motorista.

A cena, descrita por moradores e populares, reuniu choque e revolta. Ao verem o estado do casal e do condutor do automóvel, algumas pessoas no local partiram para agressões contra o motorista — um comportamento que expressou a dor coletiva, mas que também complicou ainda mais a situação, já que o homem ferido precisou ser socorrido. Ele foi atendido pelo SAMU e levado em estado grave para o Hospital Geral de Parauapebas (HGP), onde permanece internado sob escolta.

Os vestígios deixados pela batida — capacetes partidos, plástico retorcido e sangue espalhado no asfalto — transformaram a rodovia em palco de perguntas: o que levou um veículo a circular na contramão numa rodovia durante a madrugada? Haverá identificação de álcool ou substâncias? As respostas virão com a perícia, a reprodução simulada do acidente e o laudo toxicológico, passos que a polícia já sinalizou como prioritários.

Para a cidade, o acidente é mais que estatística: é a interrupção abrupta de duas trajetórias que sonhavam juntas. Amigos, parentes e desconhecidos que acompanharam o namoro e o casamento nas redes sociais agora repetem fotos e frases tentando entender como um amor recente pode terminar numa curva fatal. Em mensagens públicas, familiares pedem calma e aguardam os desdobramentos oficiais antes de qualquer julgamento.

Enquanto as investigações prosseguem, a tragédia deixa duas lacunas — a de vidas arrancadas precocemente e a de responsabilização pelas ações que as causaram. A comunidade procura consolo em rituais, lembranças e relatos, e as autoridades prometem rigor nas apurações para que o doloroso fim desta história traga, ao menos, clareza e alguma medida de justiça às famílias de João e Maynara.