No alto do Cruzeiro, em Pesqueira, o sol de domingo iluminava o Santuário Monte da Graça como se também quisesse participar da celebração. A missa, conduzida pelo padre José Edson Rodrigues de Freitas, tornou-se um verdadeiro encontro entre a fé e a vida, misturando lágrimas, reflexões, promessas e alegrias. Era o Domingo da Exaltação da Santa Cruz, e ali, cada palavra do sermão parecia tocar fundo nos corações dos presentes, que chegavam de várias cidades, mas em sua maioria, eram filhos da própria terra.

O sermão de padre Edson foi marcado por uma intensidade rara. Ele trouxe à memória a passagem bíblica em que o povo de Israel, ao murmurar contra Deus e contra Moisés, recebeu como resposta serpentes abrasadoras no deserto. A cura, no entanto, veio quando Deus ordenou a Moisés que erguesse uma serpente de bronze: quem a olhasse, mesmo ferido, era salvo. O sacerdote fez uma ponte direta entre essa história e a cruz de Cristo, lembrando que a dor, longe de ser um castigo, é também uma porta para a salvação. “Não critiquem a Deus, nem na provação nem no sofrimento. A cruz não é um fardo em vão, mas o sinal de um amor que nos sustenta”, exortou o padre.

O dever de casa que deixou aos fiéis reforçou o espírito do mês da Bíblia: todos deveriam se comprometer a ler a Carta de São Paulo aos Romanos, uma das mais profundas reflexões do apóstolo sobre fé, graça e redenção. Para muitos, o convite soou como um chamado à conversão e ao reencontro pessoal com a Palavra de Deus, um mergulho necessário em tempos de pressa e distrações.

Mas o domingo não foi feito apenas de reflexões sobre a dor. O altar do Monte da Graça se transformou em cenário de celebrações de amor e perseverança. O casal Geildo e Elisa completou 50 anos de casados, testemunhando que o matrimônio, quando alicerçado na fé, torna-se indestrutível. 

Logo depois, Maria do Socorro Moraes e Eraldo Moraes renovaram seus votos pelos 45 anos de união, emocionando familiares e amigos. Essas bodas foram recebidas pela assembleia como verdadeiros milagres de resistência e ternura em um mundo que tantas vezes banaliza a família.

Houve ainda espaço para batizados, sinal de que a vida continua a brotar mesmo em meio às dores e cruzes que cada um carrega. Crianças foram apresentadas ao altar como sementes de esperança, e o sorriso das famílias parecia antecipar que ali se abria um futuro de bênçãos. A comunidade celebrou a continuidade da fé, passando de geração em geração a chama do Evangelho.

A liturgia foi envolta por cânticos fortes, orações sentidas e um clima de peregrinação. Muitos haviam subido ao Monte da Graça como quem busca respostas, outros apenas para agradecer. Ao final, todos desceram transformados, carregando no coração a lembrança de um domingo que ficará gravado na história espiritual de Pesqueira. O sermão não foi apenas palavras, mas um convite a olhar para a cruz com a mesma esperança com que os israelitas olharam para a serpente de bronze.

APOIO

Esse cenário de fé se mistura a um chamado urgente para conservar o santuário. O local, cartão-postal da cidade e ponto de peregrinação, precisa da colaboração da comunidade para manter suas obras e acolher cada vez melhor os devotos. O exemplo do empresário Osmano Vieira, o Guri, que doou 30 sacos de cimento, já inspira outros a se engajarem. A mensagem é clara: “Quem puder ajudar, faça parte dessa história. Cada contribuição, por menor que seja, ajudará a manter vivo este espaço de encontro com Deus.”

Mais do que uma missa, o domingo no Monte da Graça foi uma experiência de fé, memória e esperança. Pesqueira foi testemunha de que a dor não é o fim, mas o caminho que conduz à vitória da cruz. E entre cânticos, bodas, batizados e palavras firmes, o recado ficou ecoando: olhar para Cristo é sempre escolher a vida.

 
📌 LEMBRETE IMPORTANTE – COMO AJUDAR O MONTE DA GRAÇA
O Santuário precisa de você! As obras de melhoria e conservação continuam e toda ajuda é bem-vinda. Doe materiais, contribua financeiramente ou participe como voluntário. Faça parte da história e ajude a manter vivo este lugar sagrado, patrimônio da fé e da cultura de Pesqueira.

 

 

 

 

 

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