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Nos anos 70, Antenor Pezão revolucionou a arte de ser técnico de futebol no interior de Pernambuco.

No Dia do Treinador de Futebol (14 de janeiro), um personagem do futebol de Pesqueira foi um “professor” à frente de seu tempo e reinventou a arte de jogar bola, sempre de maneira mais ofensiva, para obter resultados.

Por Flávio José Jardim atualizado há 4 anos
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Nos anos 70, Antenor Pezão revolucionou a arte de ser técnico de futebol no interior de Pernambuco.

Em um tempo onde apenas dois grandes clubes do futebol de Pesqueira se destacavam e eram rivais extremos (União e Comercial), o treinador de futebol Antenor Mariano da Silva, Antenor Pezão, hoje aos 77 anos, lembra que teve que implantar um novo sistema tático para que outras equipes tivessem a oportunidade de superar essa dobradinha que liderava o futebol da cidade.

Vamos voltar um pouco a fita da história... no final da década de 60, Antenor Pezão era quatro zagueiro do Independente e do Motorista, e rompeu o menisco numa disputa de bola, “numa subida de cabeça”, diz ele. Foi operado, passou meses no “estaleiro” e essa contusão foi sua grande chance de implantar um novo sistema de futebol em Pesqueira.

Via pela TV e ouvia pelo rádio as grandes jogadas do futebol-arte da Seleção Brasileira que vencia com maestria a Copa de 70. Cada jogada, cada lance, Pezão imaginava, em sua mente privilegiada, sendo executada no Estádio Joaquim de Britto.

Decidiu anotar algumas jogadas no papel e muitas estão até hoje em seu cérebro. Passou a estudar os estilos de jogos, o sistema técnico-tático e descobriu que poderia “destruir” a supremacia dos grandes ícones, os até temidos União e Comercial.

Pasta embaixo do braço, uma bola nas mãos e ideias de sobra na cabeça, começou a implantar a inovação futebolística em Pesqueira. Lia tudo. Sistema 4x2x4, 4X4X2, passou a não apenas assistir uma partida de futebol, mas orquestra-la na cabeça.

Assistia jogos de equipes nacionais e internacionais e muitas vezes até sua família achava que ele estava se divertindo acompanhando a uma partida de futebol. Nada, ele estava era estudando cada sistema tático para implantar nas equipes menores de futebol de Pesqueira.

O campeonato da 1ª divisão tinha as duas equipes grandes, União e Comercial e mais alguns times intermediários, entre eles o Motorista, Independente e o Cruzeiro. Mas, os times de coração de Pezão sempre foram o Independente e o Motorista, então ele decidiu começar sua trajetória como treinador de futebol pelo Motorista.  

Pezão queria fazer diferente, começar por um time de base, com a missão de ser pioneiro no estilo de jogo técnico, ofensivo e repleto de conceitos táticos inovadores que poderiam levar uma equipe a vencer o campeonato, ou pelo menos bater de frente com os ícones União e Comercial.

Wildo Marinho, Zé Lins, Paulo Pixito e outros bons jogadores foram convocados pelo treinador Pezão para se montar uma equipe de base. “Quando não se tem dinheiro deve-se buscar talentos na base para se montar uma equipe forte”, diz Pezão.

O Motorista já existia, mas Pezão revolucionou o time. Comprou com recursos próprios materiais de trabalho, teve ajuda de amigos para montar uma equipe que pudesse ganhar o campeonato. “Vou fazer um equipe para vencer o União”, pensou e arquitetou Pezão.

O União Esporte Clube, com uma megaestrutura, era o “cão-chupando-manga”. Ganhava tudo, do juvenil ao profissional. O Comercial, segundo Pezão, era o único que disputava à altura com o União. E a missão/sonho de Pezão era fazer que o Motorista vencesse o União.

O JOGO-BATALHA

        Com um time pronto, plantel formado, sistema tático inovador, o Motorista foi campeão do torneio-início (modalidade extinta nos dias de hoje). No Campeonato, venceu o primeiro-turno, e estava tudo caminhando para vencer o certame.

        No segundo-turno, Pezão teve que viajar a trabalho para Goiás e por um descuido do assistente técnico, houve um empate, mas na partida extra, depois de estar perdendo a partida por 2x0, o Motorista virou de forma surpreendente e bateu o União por 5X2 e foi campeão, tirando a hegemonia da forte equipe da Fábrica Peixe e escrevendo uma das mais belas páginas do futebol pesqueirense.

        Após isso, com o trabalho de base do treinador Pezão, o Motorista se tornou uma das equipes mais fortes do Campeonato Pesqueirense de Futebol.

        Anos depois, num certame que rompeu os anos de 1978/79, Antenor Pezão, já no Campeonato Profissional, venceu como técnico do Comercial a disputa do torneio contra o União, em outro grandioso episódio do futebol de Pesqueira que vamos contar em outro capítulo, na próxima reportagem.

        Hoje (14 de janeiro), Antenor Pezão merece a grande homenagem de toda a cidade de Pesqueira no Dia do Treinador de Futebol. Pezão é um herói para seus filhos Sandra e Junior e para sua companheira de sempre Givanilda, Mana, além de receber todos os aplausos de toda comunidade futebolística de Pesqueira e região.

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