Política

Pesqueira em Luto: Adeus a José Guilherme, Jovem Guerreiro da Comunidade

Filho, pai, amigo e esperança da juventude indígena, José Guilherme da Silva Batista parte cedo demais, deixando uma dor imensurável em Pesqueira.

Por Flávio José Jardim atualizado há 1 mês
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Pesqueira em Luto: Adeus a José Guilherme, Jovem Guerreiro da Comunidade

A cidade de Pesqueira amanheceu em silêncio nesta terça-feira, 16 de setembro de 2025. O corpo de José Guilherme da Silva Batista, 26 anos, foi sepultado na Aldeia Pão de Açúcar, após velório comovente na residência dos pais, na Aldeia Pé de Serra São Sebastião. Centenas de pessoas acompanharam o cortejo, em um rito de fé e ancestralidade que uniu lágrimas, cantos e o respeito de toda uma comunidade que ainda não consegue acreditar em sua partida prematura.

 

José Guilherme morreu na segunda-feira, 15, em decorrência de complicações cirúrgicas após um acidente de moto sofrido em 31 de agosto, na entrada de Laje Grande, em Alagoinha. O jovem guerreiro, que sempre carregou consigo a força de seu povo, partiu cedo demais, interrompendo sonhos, deixando filhos pequenos e um rastro de saudade que ecoará por muitos anos.

 

Filho de Josemar Batista, agente de combate a endemias da saúde indígena, e de Edilene Augusto da Silva, técnica de enfermagem, Guilherme cresceu sob o exemplo da dedicação ao cuidado com a vida. Herdou dos pais a generosidade, o afeto e a responsabilidade, sendo reconhecido como trabalhador incansável, amigo leal e presença marcante em qualquer roda de conversa. Seus irmãos, Laina Gabriele e Augusto César, agora enfrentam, junto aos pais, o peso de uma ausência irreparável.

 

O luto ganha ainda mais profundidade ao lembrar que José Guilherme deixa dois filhos, Gael e Emanoel, crianças que carregarão no coração o legado do pai. Pequenos demais para compreender a dimensão da perda, eles serão sustentados pela memória de um homem que amou com intensidade e cuja lembrança servirá como guia e inspiração em suas vidas.

 

A dor que se espalha entre familiares e amigos ganhou eco nas redes sociais, onde uma enxurrada de mensagens trouxe conforto e solidariedade. “Cumpriu sua missão aqui na terra, semeou alegria, amizade, amor e respeito por onde passou. Vá em paz, Gui”, escreveu Milenna Duarte. Palavras semelhantes foram deixadas por dezenas de outros amigos, numa corrente de afeto que mostra o quanto o jovem marcou a vida de quem teve o privilégio de conhecê-lo.

 

Não apenas um filho da comunidade indígena, Guilherme era também reflexo da juventude pesqueirense que brilha em diferentes áreas. Sua morte aconteceu dias depois de Pesqueira ser celebrada no cenário esportivo, com atletas do Taekwondo conquistando vitórias em Aracaju, mostrando a força e a garra de uma cidade que agora chora a perda de um de seus jovens mais queridos. É como se a vida, em sua dureza, tivesse imposto um contraste cruel: o orgulho pelas conquistas e a tristeza pela despedida.

 

O silêncio que paira sobre Pesqueira é o de uma cidade que aprendeu a admirar sua juventude, mas que, vez por outra, precisa sepultar seus sonhos cedo demais. A despedida de José Guilherme não é apenas um ato de fé, mas também de memória e resistência. Ele será lembrado como filho amoroso, pai dedicado e amigo leal, cuja breve existência deixou marcas profundas.

 

 No coração de todos, fica a certeza de que sua caminhada não se encerra aqui — ela segue viva no exemplo, no amor e na ancestralidade que sempre o acompanhou.

 

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enterro
enterro (Flávio/flaviojjardim.com.br)

 

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enetrro (Flávio/flaviojjardim.com.br)

 

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