Poção Resiste: A Luta de uma Comunidade Contra a Estiagem no Agreste Pernambucano
Em meio à seca prolongada, os moradores de Poção enfrentam desafios diários com resiliência e esperança, enquanto toda região clama por água e vida.
Por Flávio José Jardim
atualizado há 6 meses
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POÇÃO (PE) - Nas terras áridas do Agreste pernambucano, o chão de Poção racha sob o sol implacável, e o vento seco sopra o prenúncio de mais meses sem chuva. A estiagem, que segundo a APAC deve se prolongar até fevereiro do próximo ano, já começa a mostrar seus efeitos devastadores.
Cada dia parece uma batalha, e a paisagem, antes vibrante de vida, agora exibe o triste espetáculo da vegetação seca e dos reservatórios agonizando em volumes críticos. No entanto, mesmo em meio a esse cenário desolador, a força do povo de Poção se ergue como um farol de resistência.
A falta d'água tornou-se o maior vilão da rotina dos moradores. Sem chuva, os campos estão áridos, as plantações não brotam e os animais padecem. Nos rincões da zona rural, os olhos das crianças brilham esperançosos por um inverno que não chega, enquanto as mãos calejadas dos agricultores escavam a terra dura, buscando a salvação em poços cada vez mais profundos. Contudo, o recurso tão precioso se esvai, e os caminhões-pipa tornaram-se a única forma de sobrevivência para muitos.
O drama não se restringe às torneiras secas; incêndios florestais, alimentados pelo calor intenso e a vegetação ressequida, tornam-se uma ameaça constante, espalhando o medo de que o pouco que ainda resta seja consumido pelas chamas.
A cada foto que nos chega de Poção, a gravidade da situação se desenha com clareza: vegetação morta, solo estéril, olhos cansados. Mas por trás dessas imagens, há algo mais profundo — a resiliência. A história do sertão sempre foi uma história de luta. E agora, mais uma vez, o povo de Poção mostra que, apesar da seca, o espírito humano não se curva. Mesmo quando a natureza castiga, a esperança segue viva. Eles sabem que cada crise traz consigo a oportunidade de transformação. E é essa crença que os mantém de pé, a cada amanhecer, enquanto aguardam as chuvas e as soluções que possam revitalizar suas terras e suas vidas.
A estiagem é real, severa, implacável. Mas também real é a coragem de cada homem e mulher que luta, que busca alternativas e que não desiste. Poção, neste momento de adversidade, é o retrato de uma comunidade que se mantém firme, que resiste, e que, mesmo diante das maiores dificuldades, continua acreditando em um futuro de abundância, em que a água volte a correr, e a vida floresça novamente no agreste pernambucano.


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