Sábado de Carnaval sem as Catraias Donzelas em Pesqueira
Um carnaval de Pesqueira sem as Catraias. Em poema, o escritor Veríssimo Walter traduz o sentimento de toda região
Por Flávio José Jardim
atualizado há 3 anos
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Pela primeira vez nos seus 38 anos de história, o bloco de maior irreverência e alegria do Carnaval de Pesqueira não vai desfilar. Em dezembro, a festa foi cancelada oficialmente pelo Governo de Pernambuco, em função da pandemia de Covid-19.
Pesqueira está de certo modo triste, em um Sábado de Carnaval onde as plumas, paetês e homens travestidos de mulher alegravam as ruas, descendo do Prado até a Praça Dom José Lopes.
Fundado em 1983, o bloco carnavalesco As Catraias Donzelas tem uma história incrível. Nesse ano de fundação, oito amigos resolvem sair nas ruas da cidade, travestidos de mulher, num sábado de Carnaval na cidade mais tradicional e católica da região.
Foi um “desbunde”. Eles desfilaram em duas picapes e seguiram para o baile mais tradicional do Carnaval de Pesqueira.
No ano seguinte, 1984, juntaram-se ao grupo dezenas de outros rapazes e ai estava criado o Bloco mais irreverente de Pesqueira.
De lá até aqui, o número de foliões só aumentou. Só no ano passado, antes da covid-19, milhares de pessoas foram às ruas. Esse ano, a pandemia não deixou. Mas, todas as Catraias devem estar “num pé e noutro”, como se diz em Pesqueira, doidas para desfilarem.

PANDEMIA
A transmissão do novo coronavírus tem piorado nos últimos meses no país. Em janeiro, o Brasil voltou a superar a marca de mil óbitos por dia, um patamar registrado então pela última vez em setembro. Os últimos números mostram 236,2 mil mortos e quase 10 milhões de casos.
CULTURA E CARNAVAL
O Poeta e Escritor Veríssimo Walter escreveu e narrou o poema “O Carnaval Amanheceu Tão Triste”, que traduz o sentimento de muitos foliões pesqueirenses. Veja abaixo:

O CARNAVAL AMANHECEU TÃO TRISTE.
O carnaval amanheceu tão triste ...
E diferente dos carnavais de outrora.
Sem serpentinas, sem risos nos lábios, sem frevo e sem blocos nas ruas.
Aonde não se encontra mais aqueles grandes foliões que passavam a noite toda brincando, pulando e beijando as suas namoradas tão felizes.
E o carnaval que nunca havia silenciado hoje silenciou pela primeira vez, diante desse vírus infernal.
Mas, o carnaval espera ansioso o covid-19 passar, passar.
Já que ninguém é louco e nem atrevido ao extremo, de querer brincar com ele.
Até porque esse vírus não é de brincar com ninguém.
E o que ele gosta mesmo ...
É de matar, é de matar, é de matar.
Veríssimo Walter.
Pesqueira, 13 de fevereiro de 2021

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