TRILHA DE SANGUE ENTRE PESQUEIRA E ARCOVERDE. Presos em Pesqueira são principais suspeitos de mortes de Kauã Nunes e do carteiro, diz Polícia
Moto roubada, dois mortos e três suspeitos presos: a trama criminosa que pode elucidar assassinatos brutais em Pernambuco. TRABALHO DA INTELIGÊNCIA DA POLÍCIA VEM SENDO ELOGIADO
Por Da Redação
atualizado há 1 mês
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PESQUEIRA E ARCOVERDE (PE) - Num emaranhado de crimes entrelaçados por sangue, roubo e pistas deixadas para trás, a prisão de três suspeitos na noite do último domingo (25) em Pesqueira pode ser a peça-chave para desvendar dois homicídios que chocaram o Agreste pernambucano. Os assassinatos do carteiro Jeriosvaldo Alves da Silva, de 50 anos, em Pesqueira, e do jovem Kauã Nunes, de apenas 19, em Arcoverde, parecem convergir para um mesmo fio condutor: uma motocicleta preta, silenciosa e cúmplice, que agora é testemunha calada de uma cadeia de brutalidade.
A trama começa no sábado, 24 de maio. Três jovens — dois maiores de idade e um adolescente — atraem uma vítima da cidade de Tacaimbó até Pesqueira. A isca funciona. Em poucos minutos, rendem o homem e fogem com seu veículo, um Volkswagen Gol. Era mais um assalto na região, pensavam as autoridades. Até que a abordagem da Polícia Militar no domingo revelou algo mais sombrio.
Os suspeitos estavam de posse de uma motocicleta Honda Fan 160 preta, com a placa PDP-3978. O detalhe que mudou tudo? A moto pertencia a Jeriosvaldo Alves da Silva, o "Galego Carteiro", brutalmente assassinado no final de abril. A partir daí, a história deixa de ser apenas sobre um roubo — e se torna uma investigação de homicídios em série.
Jeriosvaldo desapareceu no domingo, 27 de abril. Dois dias depois, seu corpo foi encontrado dentro da cisterna de sua própria casa, no bairro do Prado, em Pesqueira. Sangue seco no chão denunciava o rastro da violência. A moto sumida foi uma das primeiras pistas. Até então, imaginava-se um latrocínio simples. A possibilidade de execução fria, envolta em premeditação, começa agora a ganhar força.
Com a prisão dos três suspeitos — Éric Marlen Silva de Carvalho, de 20 anos; Emerson Leite Lourenço, de 19; e um menor de 17 anos e seis meses — a polícia também conecta outra peça ao quebra-cabeça: o assassinato de Kauã Nunes. O jovem, natural de Arcoverde, foi morto no dia 8 de maio, no bairro São Geraldo. Segundo testemunhas e investigações iniciais, ele teria reagido a uma tentativa de assalto, sendo alvejado de forma covarde.
O mais perturbador: a mesma motocicleta usada no crime de Pesqueira também foi vista sendo utilizada na execução de Kauã. A coincidência já não é mais casualidade. É padrão.
Fontes da Delegacia de Homicídios de Arcoverde confirmaram que os três suspeitos já estavam sob investigação pelo caso de Kauã. A detenção deles em flagrante reacendeu esperanças de justiça entre os moradores e familiares das vítimas. Joelma Nunes e Jadson Felipe, pais de Kauã, cobraram respostas publicamente em entrevista ao podcast LW Cast, no dia 15 de maio. A dor deles agora encontra algum alívio, com a perspectiva de que os culpados estejam finalmente atrás das grades.
A Polícia Civil de Pesqueira, que já vinha analisando imagens de câmeras de segurança e coletando depoimentos sobre a morte de Jeriosvaldo, deve agora unificar as investigações com as equipes de Arcoverde. Um mutirão de evidências se forma, cruzando dados sobre movimentações, ligações entre os suspeitos e a rota que essa motocicleta percorreu — não apenas como veículo, mas como símbolo da barbárie.
Jeriosvaldo, um homem pacato, querido por vizinhos e colegas, teve a vida ceifada dentro de casa. Kauã, um jovem cheio de futuro, foi abatido no meio da rua. Ambos se tornaram vítimas de um mesmo ciclo de violência: a banalização da vida, o roubo como rotina, o medo como trilha sonora de uma juventude marcada pela criminalidade precoce.


A comunidade de Pesqueira ainda sente o vazio deixado por Jeriosvaldo. Vizinhos relatam que ele era prestativo, sempre disposto a ajudar. Seu desaparecimento mobilizou moradores, e a descoberta do corpo foi um golpe que até hoje reverbera nos corredores estreitos do bairro do Prado.
Em Arcoverde, a revolta é igual. Kauã era um jovem trabalhador, respeitado por amigos, filho amoroso. Seu assassinato mobilizou campanhas por justiça nas redes sociais, com postagens, protestos e apelos emocionados.
Agora, com a prisão dos três suspeitos, o que parecia um quebra-cabeça sem sentido começa a ganhar forma. A moto, o elo. O assalto, o início. Os assassinatos, o clímax de uma narrativa trágica que pode estar perto de sua conclusão — ao menos no papel da Justiça.
A Delegacia de Homicídios informou que seguirá ouvindo os presos e coletando elementos para formar um inquérito robusto, que possibilite a responsabilização de todos os envolvidos. O Ministério Público já acompanha o caso.
Enquanto isso, familiares, amigos e uma sociedade inteira esperam. Que os crimes não fiquem impunes. Que a dor se transforme em resposta. E que a moto — símbolo do trajeto entre Pesqueira e Arcoverde — jamais volte a circular pelas ruas sem que se lembre das vidas que custou.

Se você tiver qualquer informação sobre os crimes ou os suspeitos, entre em contato com a Delegacia de Homicídios de Arcoverde ou com a Polícia Civil de Pesqueira. O anonimato é garantido.
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