Política

Dezo de Mulungu: O Homem que Virou Lenda em Sanharó

Entre a simplicidade do povoado e os corredores da política, o vereador que completou 70 anos se firma como um dos maiores símbolos vivos da resistência popular

Por Flávio José Jardim atualizado há 1 semana
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Dezo de Mulungu: O Homem que Virou Lenda em Sanharó

DISTRITO DE MULUNGU, SANHARÓ (PE) – No coração do Agreste pernambucano, uma história que mais parece romance épico continua sendo escrita. Adezuiton José de Almeida, o popular Dezo de Mulungu, celebrou recentemente seus 70 anos em praça pública, cercado por amigos, familiares e admiradores. A festa, que mais parecia uma procissão de gratidão popular, não foi apenas o marco de um aniversário: foi a celebração de um legado político de 42 anos e de 11 mandatos consecutivos na Câmara de Vereadores de Sanharó.

 

O vento que soprava no distrito parecia carregar consigo a força da história de um homem que nunca se afastou de suas origens. Filho da terra, ex-condutor de passageiros entre Mulungu e a sede de Sanharó, Dezo sempre foi visto como alguém que sabia ouvir. O poder da escuta, dizem os mais velhos, foi o segredo de sua longevidade política. E foi justamente em uma dessas viagens, em meio ao poeirento vai e vem das estradas, que nasceu a ideia de sua primeira candidatura, em 1982.

 

“Um passageiro me disse: você tem que ser nossa voz. E eu escutei”, relembrou ele, em entrevista exclusiva à Revista Poder e ao site Flávio J Jardim. Naquela primeira disputa, pelo PDS, aos 27 anos, o jovem condutor conquistou 517 votos e iniciou um percurso que jamais seria interrompido. Ali começava o mito de Dezo, o homem que transformaria sua vida em serviço público contínuo.

O tempo passou, governos vieram e foram, mas Dezo permaneceu. Contra as tempestades políticas, crises econômicas e mudanças de gerações, ele sempre sobreviveu. Cada eleição foi, na verdade, a confirmação de um pacto silencioso entre ele e o povo de Mulungu e Sanharó. O pacto da confiança, da proximidade, da palavra cumprida. Não há outro vereador na história da cidade que tenha conquistado 11 mandatos consecutivos – e talvez jamais haja.

 

Durante a entrevista, a emoção transbordava em sua voz ao falar da grande comemoração dos 70 anos. “Foi um presente de Deus ver a praça cheia, ver as crianças, os jovens, os mais velhos, todos juntos. Ali não era apenas a minha festa, era a festa do povo”, disse. O brilho nos olhos de Dezo mostrava que, mais do que aniversariante, ele se sentia anfitrião de uma celebração comunitária.

 

Mas não é apenas o carisma que o sustenta. Dezo também se consolidou como defensor ferrenho da cultura e das tradições locais. Ao longo das décadas, patrocinou festas, apoiou grupos culturais, incentivou celebrações religiosas e populares. Ele sabe que, sem memória, uma comunidade não sobrevive. Por isso, carrega o título de guardião da identidade de Mulungu, um distrito que respira fé, música e resistência.

 

A política, porém, não lhe poupou de desafios. Por um breve período, chegou a assumir a prefeitura de Sanharó, mas sua essência o levou de volta à Câmara. É ali, no debate legislativo, que ele se sente mais próximo do povo. “Prefeito eu fui por um tempo, mas vereador é o que eu sempre quis ser. É aqui que eu escuto, que eu converso, que eu ajudo. É aqui que eu sou Dezo”, confidenciou.

 

Ao lado da esposa Linete e das quatro filhas, ele mantém os pés fincados no chão e o coração aberto para a vida comunitária. A família é sua fortaleza e, ao mesmo tempo, sua inspiração. “Tudo que conquistei, devo a Deus, ao povo e à minha família”, repetiu mais de uma vez. É a frase que resume a filosofia simples, mas poderosa, de quem nunca se deixou deslumbrar pelo poder.

 

Agora, em pleno 2025, o futuro ainda se abre diante dele. O que esperar de um homem que já parece ter vivido tantas vidas em uma só? Para os que o conhecem, a resposta é simples: esperar mais dedicação, mais presença e mais luta. Dezo não fala em aposentadoria, nem em despedida. Fala em desafios, em sonhos, em projetos. Fala no amanhã como se fosse o hoje.

 

Sanharó tem em Adezuiton José de Almeida um patrimônio político vivo, um farol que ilumina não apenas pelo que já fez, mas pelo que ainda pode realizar. Aos 70 anos, Dezo de Mulungu continua sendo, ao mesmo tempo, história, presente e futuro. E sua trajetória, tão rara quanto lendária, se eterniza não apenas nos votos ou nos discursos, mas na memória afetiva de um povo que aprendeu a confiar em um homem de palavra.

 

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dezo (Flávio/flaviojjardim.com.br)

 

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d (Flávio/flaviojjardim.com.br)

 

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