Sociedade

Motorista faz maquete perfeita do centenário Colégio Santa Dorotéia, em Pesqueira

A pandemia vem despertando a criatividade e a veia artística de muitas pessoas. Com a paralização das aulas, Paulo Oliveira, motorista da escola, faz maquete do CSD usando palitos de picolé. O resultado impressiona pela perfeição. Veja fotos e vídeo

Por Flávio José Jardim atualizado há 4 anos
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Motorista faz maquete perfeita do centenário Colégio Santa Dorotéia, em Pesqueira
https://youtu.be/tkfCnMobdIk

       Incrivelmente, a desoladora pandemia do Novo Coronavírus deu oportunidade para muitas pessoas aprender algo diferente, estimular a criatividade e despertar outras aptidões.

       Os jargões globais “Se vira nos 30” e “Tente, Invente, Faça um Novo Tempo Diferente”, podem ilustrar muito bem o que várias pessoas fizeram ou estão fazendo, com engenhosidade, para afastar os sentimentos de angústia e incertezas trazidas pela pandemia.

       O momento também serve para reavaliar, mudar prioridades e até reascender dons e aptidões no ser humano. Soluções criativas para redimensionar aspectos de suas vidas individuais e estabelecer novas metas para quando esse tirano vírus for contido.

       Paulo Oliveira, um pesqueirense de 70 anos, que mora na Travessa da Vitória, no bairro do Prado, refletiu sobre tudo isso e descobriu uma nova forma de preencher seus momentos vazios.

Veja a reportagem...

PESQUEIRA (PE) – Há 26 anos, Paulo Oliveira da Silva, 70 anos, atua como motorista no Colégio Santa Dorotéia (CSD), em Pesqueira. Acostumado a trabalhar diariamente, se sentiu inerte com o isolamento social e a paralização das aulas.

Pacato, criativo e inteligente, decidiu fazer algo para “passar o tempo”. Incentivado pela nora e pela sobrinha, que até compraram materiais de artesanato, Paulo Oliveira descobriu que poderia fazer, de palitos de picolé, uma casinha de brinquedo para sua neta, Lorena.

Gostou tanto que depois produziu um barquinho e até balanços para a menina brincar. Mas, ninguém da sua família ou do colégio onde trabalha imaginaria que desse “hobby” sairia uma maquete, uma cópia idêntica do Colégio Santa Dorotéia. É de uma perfeição assustadora, confeccionada de palitos e de tamanho reduzido.

As fotos e o vídeo mostram uma verdadeira obra de arte. Nem ele mesmo, que começou a elaborar os primeiros trabalhos após a pandemia do coronavírus, achava que a maquete iria despertar a curiosidade de todos da cidade e despertar a atenção até mesmo de pessoas de outros lugares.

O incentivo veio dos familiares (da nora Micaelle e da sobrinha Cênia), que viram impressas nos primeiros brinquedos confeccionados uma dedicação sublime. Logo que observaram as perfeições da casinha, dos barquinhos e os balanços em miniaturas, entusiasmaram Paulo de Oliveira a fazer “algo maior”.

O que veio inicialmente em sua cabeça foi justamente o imponente prédio do centenário Colégio Santa Dorotéia, em Pesqueira, local de trabalho e pelo qual mantém um amor infinito. A arquitetura do CSD impressiona pelos detalhes, janelas, escadas de entrada e pela igreja. Era difícil, mas Paulo Oliveira não desistiu e mesmo assim prosseguiu.

O artesão até então adormecido em seu Paulo, parou para pensar. Avaliou, analisou e depois decidiu começar por partes. Primeiro, fez um desenho de todo o colégio. Depois começou a montar a igreja, os vãos laterais, as escadarias de entrada e os detalhes.

O resultado, como se pode ver nas fotos, é incrível. Parece uma maquete de arquitetura profissional. “Foi um trabalho artesanal, que exigiu muita paciência, dedicação e criatividade”, diz o motorista, que é pai de um casal.

       As formas, os mínimos detalhes e a aparência única do prédio do Colégio Santa Dorotéia, com todo o capricho de Paulo, ganharam impressionantes formas na maquete. O projeto foi montado por etapas, com riqueza de detalhes, a partir da união de palitos de picolé e colagem. “Nem contei. Acho que usei centenas de palitos”, destaca Paulo.

       Paulo diz que nunca teve experiência em artesanato. “Desenhei e fui fazendo, fazendo, fazendo... e o resultado é esse”, diz, mostrando as fotos. A maquete tem 1,20 metro por 70 centímetros.  Ele lembra que aprendeu sozinho, com curiosidade e com muito trabalho.

“Eu não queria ficar parado. A pandemia me deixou dentro de casa. Sou do grupo de risco (mais de 60 anos) e eu não queria ficar ocioso”, revela.

VIDA É TÃO RARA, PACIÊNCIA!

       Antes de começar o trabalho de colagem dos palitos e montagem das peças, o motorista fez um esboço. Observou ainda muitas fotos da arquitetura do prédio e se prendeu às mínimas particularidades, com paciência e até com um olhar de contemplação.

Inicialmente, ele assimilou bem as formas arquitetônicas, as minuciosidades das portas, das janelas, da torre da igreja e os lances de escadarias, além dos corrimãos. “Muitas vezes tive que refazer alguma partes”, confessa.

Para transformar o rascunho em arte-final e para unir as partes para formar a miniatura completa do imóvel, Paulo Oliveira visualizou com rigor os pormenores, para que a peça final ficasse idêntica. O observador mais atento pode notar na obra final as janelas, os vitrais, a torre da igreja, as portas, as escadarias e os totens. A maquete final é estupenda, extraordinária, fascinante.

Agora, feliz e realizado, Paulo Oliveira vai doar a peça ao patrimônio histórico do Colégio Santa Dorotéia e logo após a pandemia, pais, alunos, professores e toda a comunidade poderão vislumbrar a maquete de perto.

       Paulo Oliveira gostou tanto do resultado, da ideia de produzir arte, de se sentir mais útil, que pretende fazer outras peças sobre o patrimônio histórico e cultural de Pesqueira e da região. “Não quero é parar”, avisa, lembrando que já iniciou a fazer um Presépio de Natal em miniatura, usando os palitos de picolé, a cola e o papelão.

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