Reforma Agrária em Debate: Presidente da Câmara de Pesqueira Participa de Jornada Pela Terra e Pela Justiça Social
Guila Araújo leva a voz do povo Xukuru à UFRPE e reforça urgência de políticas públicas que garantam território e dignidade a camponeses e indígenas
Por Flávio José Jardim
atualizado há 1 mês
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Em um dos momentos mais simbólicos e combativos do ano, o presidente da Câmara Municipal de Pesqueira, Guila Araújo, participou da Jornada em Defesa da Reforma Agrária (JURA), promovida pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) no dia 9 de junho. O evento reuniu lideranças populares, acadêmicos e representantes de movimentos sociais para debater os impasses e avanços da reforma agrária no Brasil — um tema que, mais do que nunca, exige posicionamentos firmes diante dos conflitos que ainda marcam o campo brasileiro.
Durante sua fala, Guila fez um resgate histórico da luta do povo Xukuru, destacando a resistência desde o período colonial até os embates contemporâneos com interesses privados e políticas negligentes. “A luta pela terra é uma luta por memória, dignidade e sobrevivência. É por não esquecer quem somos e de onde viemos”, afirmou o parlamentar, que também é liderança reconhecida dentro do território indígena.
O caso de Barro Branco, citado por outros membros da mesa, exemplifica os desafios vividos por agricultores que enfrentam ocupações ilegais, criação de gado extensivo e até o cultivo de eucalipto em terras tradicionalmente camponesas. Esses episódios não apenas ameaçam modos de vida, como destroem ecossistemas e acirram desigualdades sociais. A ausência do INCRA e do Ministério Público em muitos desses conflitos foi apontada como uma das causas da insegurança fundiária.
Para Guila, a presença institucional precisa deixar de ser pontual e tornar-se política de Estado. Ele defendeu maior articulação entre o poder legislativo, movimentos sociais e órgãos federais para garantir celeridade em processos de demarcação e regularização fundiária. “Sem terra garantida, não há segurança, nem produção, nem paz”, sintetizou, com firmeza.
A Jornada também proporcionou um espaço de escuta e formação, onde estudantes e jovens militantes puderam compreender a profundidade da pauta agrária e seu entrelaçamento com outras lutas — como a ambiental, a indígena e a dos direitos humanos. “A terra é muito mais que solo. É vida, é cultura, é economia. Precisamos defender isso em todos os espaços, inclusive nas universidades”, pontuou Guila.
O presidente da Câmara de Pesqueira ressaltou ainda a importância de ampliar o diálogo entre o poder público e os coletivos populares. Para ele, é fundamental que vereadores e prefeitos compreendam a dimensão da reforma agrária como instrumento de justiça social, e não como concessão ideológica. “O campo é político, é estratégico. Precisamos estar à altura dessa agenda”, disse.
Com a participação de Guila Araújo, a Jornada se fortaleceu como uma ponte entre o território e a academia, entre a fala institucional e a sabedoria popular. Em tempos de retrocessos e ameaças ao direito à terra, sua presença foi um ato de resistência e compromisso com os que, historicamente, são mantidos à margem do desenvolvimento.
O evento termina, mas deixa sementes plantadas. Para Guila, agora é hora de transformar a escuta em ação. “O povo já sabe o que quer. Cabe a nós, representantes, garantir que suas demandas não sejam mais enterradas sob o silêncio do Estado”, concluiu. A luta continua — com o pé na terra e os olhos no horizonte.

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