DA BARRA AO TATAME: A IMPRESSIONANTE JORNADA DE JOÃO GUILHERME, O MENINO DE PESQUEIRA QUE TRANSFORMOU O SONHO EM FORÇA DE VIDA
Uma história real de superação, disciplina e gratidão, escrita com suor, lágrimas, medalhas e esperança. Aos 14 anos, João já carrega no peito a coragem de um campeão.
Por Flávio José Jardim
atualizado há 1 semana
Publicado em
João Guilherme tem apenas 14 anos, mas sua história já carrega o peso e a grandeza de um adulto que enfrentou desafios, abraçou sonhos e transformou oportunidades em conquista. Natural de Pesqueira, foi nas ruas simples, nos campos improvisados e nos corredores da escola que sua jornada começou. Um convite casual de amigos, quase como um sussurro do destino, levou o garoto a conhecer a escolinha de futebol São Paulo do Prado Pesqueira — o ponto de partida de uma trajetória que mudaria tudo.
Ali ele conheceu os primeiros mestres de sua vida esportiva: Gerrardy Xavier e Renato Alexandre. Foram eles que enxergaram no menino tímido, mas determinado, uma promessa em construção. João treinou, insistiu, persistiu. Cada chute, cada defesa, cada corrida sob o sol forte do Sertão era uma declaração silenciosa de que ele não estava ali por acaso. Não demorou para receber a notícia que fez seu coração disparar: estava convocado para seu primeiro campeonato em Pesqueira.
Daquele dia em diante, o garoto não parou mais. Vieram competições marcantes como a Copa Pesqueira, a Caruaru Cup, o Campeonato Municipal, jogos em Arcoverde e a Copinha da Amizade em Sanharó. João crescia a cada partida, defendendo o gol com bravura, reflexo rápido e fé no impossível. Seu talento entre as traves não passou despercebido — e ele foi reconhecido com um certificado de Melhor Goleiro Mirim da Cidade. Uma homenagem pequena em papel, mas gigante em significado.
Mas sua caminhada não parou no futebol. A escola Municipal Irmã Zélia de Nicácio se tornou mais um palco de vitórias. Foi lá que, após um teste intenso, João recebeu uma nova oportunidade, desta vez concedida pela professora Ayane Kelly, que o acolheu no time escolar. Sob sua orientação, ele continuou treinando forte, disputando campeonatos dentro e fora de casa, tornando-se cada vez mais conhecido na cidade — um jovem atleta que inspirava outros estudantes.
O futebol havia dado a ele identidade, disciplina e um propósito. Mas o destino ainda guardava outra virada surpreendente nessa história. Um novo projeto esportivo chegou à escola através do professor Wellington, que anunciou a criação de aulas de taekwondo. João, sempre movido pela curiosidade e pela vontade de aprender, aceitou o desafio sem imaginar que ali começaria mais um capítulo inesquecível de sua vida.
No tatame improvisado da escola, ele caiu, levantou, errou e acertou. O professor Wellington, com sua disciplina firme e seus “puxões de orelha”, moldava não apenas um lutador, mas um cidadão. Os treinos eram de manhã e à tarde, sob cansaço, dor e superação. E então veio mais uma notícia transformadora: João havia evoluído tanto que seria levado para treinar em uma academia profissional — a Comercial Taekwondo.
Ao entrar naquele espaço pela primeira vez, ele conheceu quem seria parte fundamental da sua caminhada: o mestre Jamil Valdir e o professor Cleyton Xavier. Eles o acolheram, acreditaram em seu potencial e o trataram como um verdadeiro guerreiro em formação. Ali, João não aprendia apenas golpes, mas valores: respeito, humildade e perseverança.
Foi então que surgiu o grande desafio: os Jogos Escolares de Pernambuco. Em meio à pressão, ao nervosismo e à expectativa, João entrou no tatame como quem entra em uma batalha pela própria vida. E saiu de lá com sua primeira medalha de prata. Um momento que jamais será esquecido — não apenas pelo brilho do metal, mas pelo significado de tudo que ele havia superado até ali.
O reconhecimento continuou. Seu desempenho chamou atenção, e logo ele foi anunciado para uma nova etapa: a faixa amarela. A felicidade era maior que o cansaço dos treinos, maior que as dores nos músculos. Depois veio o temido e sonhado exame de faixa, comandado por nomes respeitados da arte marcial: Mestre Daniel, Mestre Valdir Jamil e o professor Cleyton. E João foi aprovado. Conquistou a faixa laranja, uma das maiores vitórias pessoais de sua jovem vida.
Cada passo dessa jornada foi marcado por esforço, lágrimas, coragem e fé. João não esqueceu de agradecer a quem acreditou nele quando ele ainda era apenas um menino sonhador: Gerrardy Xavier, Ayane Kelly, Wellington, Valdir Jamil, Cleyton Xavier, o diretor Sérgio Barros, Socorro, e principalmente sua mãe e sua avó — suas maiores guerreiras fora do campo e do tatame.
Hoje, sua história não é apenas sobre esporte. É sobre superação. É sobre um jovem que escolheu lutar, correr, defender, cair e se levantar todos os dias, mesmo quando tudo parecia difícil. É a prova viva de que, quando existe oportunidade unida à determinação, nenhum sonho é grande demais.
João Guilherme não é apenas um atleta em formação. Ele é um símbolo de esperança para Pesqueira. Um menino que encontrou no esporte a força de viver — e transformou sua história em exemplo para uma geração inteira.
----------------------------
Você precisa estar logado para comentar. Por favor, faça login ou crie a sua conta.
Ainda não há comentários para esta notícia. Seja o primeiro a comentar!