Pastor é Condenado por Abusar de Três Irmãos com Deficiência em Igreja de PE
Sentença histórica revela os bastidores de um crime cometido sob o disfarce da fé
Por Flávio José Jardim
atualizado há 1 semana
Publicado em
A fé foi usada como armadilha em Palmares, na Mata Sul de Pernambuco. Um pastor da Igreja Assembleia de Deus, de 69 anos, foi condenado a 16 anos, sete meses e 28 dias de prisão por estupro de vulnerável. A Justiça reconheceu que ele abusou sexualmente de três irmãos com deficiência intelectual dentro do próprio templo onde pregava a palavra de Deus. A sentença, proferida pelo juiz Flávio Krok Franco, da 1ª Vara Criminal de Palmares, chocou a comunidade religiosa.
As investigações revelaram que os abusos ocorreram em 2021. O pastor, aproveitando-se da confiança e da fragilidade das vítimas, todas jovens e dependentes, usava o poder espiritual para manipular e submeter os irmãos a atos libidinosos. Em um dos casos, um rapaz de 19 anos relatou ter sido violentado quatro vezes, em locais como o banheiro, as escadas e até o andar superior da igreja.
Outro jovem contou ter sido atraído para o templo sob ameaças de morte feitas pelo pastor e pelos filhos dele. O terceiro irmão, que também sofreu os abusos, foi quem teve coragem de contar tudo à tia, que denunciou o crime à polícia. Em um gesto de desespero e aparente arrependimento, o acusado chegou a pedir perdão à mulher, confessando os atos e prometendo não repeti-los.
Durante o processo, o pastor negou qualquer conotação sexual em suas “brincadeiras” com os jovens, mas o juiz foi enfático: tais condutas são “absolutamente incompatíveis com o papel de líder religioso”. A alegada boa reputação e os elogios de fiéis não foram suficientes para amenizar a gravidade das provas apresentadas.
A Justiça considerou que o homem se aproveitou de sua autoridade espiritual e até de vantagens financeiras para silenciar as vítimas. O caso foi descrito pelo magistrado como “uma das mais cruéis violações de confiança que se pode imaginar”.
O pastor segue preso preventivamente desde novembro de 2024 e deverá cumprir a pena em regime fechado. O templo, que já foi símbolo de fé para muitas famílias, hoje é lembrado como o cenário de um dos crimes mais perturbadores da história recente de Palmares.
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